quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Betty, a feia - apareceu no Ninho de Pássaros made in China.

Desenvolver conceito de branding para países / nações é contemporâneo e fundamental em tempos de globalização. Mas a China, com o intuito de criar uma identidade de modernidade e competência, demonstrou a gigantesca diferença entre você seguir preceitos de marketing e só usar a palavra marketing sem seguir os seus princípios básicos.
Ou seja, não basta ser bom, tem de parecer bom & tem de ser bom, não basta fazer de conta que é.
Se não dá pra combater a poluição, retirem-se carros das ruas e fechem fábricas (todos de volta pós-Olimpíadas, claro); se não dá pra eliminar a miséria, retirem-se os pobres para locais ermos; se não dá pra investir em P&D, copie de quem investe.
A China é um gigantesco gigante com pés de barro...e isso só fica cada dia mais evidente.
Parece até que a gente anda exportando o jeitinho brasileiro pra Pequim: lei Cidade Limpa, lei Seca, daqui a pouco outra lei de mais restrição à comunicação publicitária de alimentos com gordura trans, sódio...
Já que não dá pra proibir a venda, proíba-se a comunicação!!


Made in Brazil and made in China!!



Menina que encantou o público cantando "Ode à Pátria" no Ninho de Pássaro era dublê de outra, preterida por não ficar bem no vídeo(...)
Na ânsia de realizar Jogos espetaculares, que revelem ao mundo uma China moderna e poderosa, o país organizador tem usado todos os recursos disponíveis. Inclusive dublagem e efeitos tridimensionais que garantem um show pirotécnico sem defeitos.A mais recente revelação que reforça a busca incessante dos chineses pela perfeição foi feita pelo diretor musical da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos, Chen Qigang. Em entrevista a uma rádio de Pequim, ele disse que a menina que apareceu cantando "Ode à Pátria" para 4 bilhões de telespectadores e 91 mil pessoas que se encontravam no Ninho de Pássaro, na sexta-feira passada, somente fingia cantar.A dona da voz não era a graciosa Lin Miaoke, 9, mas sim Yang Peiyi, 7, que, segundo Chen, permaneceu nos bastidores por não ficar tão bem na câmera quanto Mioke. "Depois de vários testes, decidimos colocar Lin Miaoke no palco e usar a voz de Yang Peiyi. Era preciso colocar os interesses do país em primeiro lugar."O interesse do país é tornar qualquer detalhe relativo aos Jogos harmônico, belo e perfeito. (...) Os inventores da pólvora não resistiram a criar, no computador, imagens que reproduziam a esplendorosa queima de fogos vista na abertura dos Jogos.Dessa vez, quem veio à público justificar a interferência da organização em mais um "detalhe" foi o secretário-geral do Comitê Olímpico de Pequim, Wang Wei. "Algumas imagens foram feitas antes da cerimônia por causa da baixa visibilidade. Queríamos um efeito teatral."http://www1.folha.uol.com.br/fsp/esporte/fk1308200829.htm



Operários pagam o preço da Olimpíada
Há três meses, quando eu fazia uma pesquisa em um vilarejo rural a mais de 300 km de Pequim, tive uma surpresa ao descobrir que todos os trabalhadores migrantes das províncias vizinhas, que até então trabalhavam nas obras do povoado, tinham acabado de partir.Quando indagado sobre o porquê disso, o chefe do povoado respondeu que, para garantir uma boa qualidade do ar para a Olimpíada, a maioria das empresas poluentes teve que ser fechada, mesmo as que ficam distantes de Pequim.O que me surpreendeu mais ainda foi a resposta à seguinte pergunta: "Por que vocês interromperam pela metade a construção da rodovia do povoado?"O que me foi dito foi que o preço do cascalho -pedras quebradas usadas na superfície das estradas- acabara de dobrar. Sendo assim, a verba para a pavimentação da estrada já não era suficiente, e a obra teve que ser suspensa. "Por que o preço do cascalho dobrou?", perguntei. A resposta ainda foi: "A Olimpíada". Para garantir plenamente a segurança durante os Jogos, o uso de explosivos tinha sido controlado rigidamente ou proibido por completo em muitas pedreiras próximas a Pequim. Por conta disso, faltava cascalho.(...) Para reduzir a poluição do ar, metade dos 3,3 milhões de automóveis de Pequim foi tirada das ruas entre 20 de julho e 20 de setembro. Muitas fábricas poluidoras foram fechadas, não apenas em Pequim mas também nas cinco províncias vizinhas. Fábricas químicas, usinas elétricas e fundições autorizadas a continuar operando tiveram que reduzir em 30% suas emissões de gases.Isso significa que a maioria dos operários, que fizeram uma contribuição grande para a construção das instalações esportivas da Olimpíada, foi obrigada a deixar a capital por pelo menos dois meses, recebendo pouco ou nenhum pagamento durante esse período.Como parte de uma campanha pela segurança alimentar durante os Jogos, o governo também fechou restaurantes de Pequim que não satisfazem os critérios sanitários básicos.Apesar de tudo isso, a maioria das pessoas com quem conversei aqui em Pequim sente orgulho da Olimpíada. Para a maioria dos moradores da cidade, os Jogos serão o melhor palco para mostrar ao mundo a prosperidade da China.Como o show precisa ser de alta qualidade, há um preço a ser pago. Mas a maior parte desse preço será pago pelos trabalhadores migrantes que antes trabalhavam na construção e nos restaurantes de Pequim, mas que ficaram desempregados durante os Jogos.http://www1.folha.uol.com.br/fsp/esporte/fk1308200829.htm
Tao Ran é PhD em economia pela Universidade de Chicago e, atualmente, reside em Pequim

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